
Dia 28 de abril é comemorado o Dia Mundial da Educação. O Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil compartilha nesta ocasião a história do professor Jeferson Lopes Ribeiro, da escola quilombola do povoado de Algodoeiro (MG), que realiza um trabalho transformador com seus oito alunos e sua comunidade.
Um de seus projetos foi a criação da horta escolar. “Foi com a venda dos produtos da horta que conseguimos realizar um sonho das crianças: fazer uma excursão de um dia para conhecer o zoológico e o shopping de Belo Horizonte, distante oito horas de ônibus”, contou, com o sorriso largo.
Natural da cidade de Diamantina, o professor Jeferson nos conta mais sobre sua escola nesta entrevista, realizada em Brasília na ocasião do Encontro Nacional do Programa Nacional de Alimentação Escolar 2025.
Qual é a sua formação?
Eu sou bacharel em Ciências Humanas, fiz licenciatura em Pedagogia e pós-graduação em Educação Especial. Como não temos professor de apoio, tive que me especializar para poder ajudar no aprendizado de uma aluna com deficiência.
E como foi a sua chegada a uma escola quilombola no interior de Minas Gerais?
Foi um desafio. Não conhecia o lugar, fui com a cara e a coragem. Quando cheguei lá, há cinco anos, descobri que a comunidade não tinha luz elétrica. A estrutura da escola não era legal na época.
E o que mudou nesses cinco anos?
A gente se mobilizou junto com a comunidade, pelos nossos direitos. Conseguimos levar luz elétrica, internet e reformar a escola.
Quantas pessoas trabalham nessa escola?
Nessa escola, trabalhamos eu e nosso servente merendeiro, Washington. A nossa comunidade fica a 40 km da Mata dos Crioulos, mas o acesso é muito difícil, por ser um quilombo.
A comunidade participa de atividades da escola?
Muito! Criamos uma horta grande com apoio das famílias, e é lá onde ensinamos também disciplinas como português, matemática e ciências.
A horta também gera renda?
Sim. Vendemos o que sobra, e isso ajuda as famílias. Também usamos esses produtos na alimentação das crianças.
O que vocês plantam?
Cebolinha, couve, alface, tomate, abóbora… e quando tem excesso, montamos kits e mandamos para a casa das crianças.

Como é o cardápio da escola?
O cardápio é feito por nutricionistas da Secretaria Municipal. Tentamos sempre manter uma alimentação saudável, cortando açúcar, balas e industrializados.
O que geralmente é servido?
Arroz, feijão preto, salada, carne, frutas, leite e pão. Tudo feito com muito carinho.
Quais faixas etárias vocês atendem?
São oito alunos com idades entre 4 e 11 anos. Todos estão juntos numa turma multisseriada.
Quais os desafios de ensinar uma turma tão diversa?
O maior desafio é lidar com as diferentes idades sem queimar etapas do desenvolvimento das crianças.
Como você avalia a sua experiência na escola?
Dou nota 11! É muito prazeroso. Não é pelo dinheiro, mas pelo amor à educação.
Pode dar um exemplo do impacto da horta?
Sim! As crianças juntaram mais de R$ 5 mil com a horta e conseguiram realizar o sonho de conhecer Belo Horizonte.
E quais os planos para o futuro?
O sonho agora é conhecer a praia. Vamos começar a planejar e tentar parcerias com cooperativas.
O que você aprendeu no Encontro Nacional do PNAE?
Aprendi muito! Sobretudo, que devemos conhecer e cobrar nossos direitos e buscar desenvolvimento sustentável com parcerias.
Leia sobre a participação da Escola Municipal de Algodoeiro na Jornada de Educação Alimentar e Nutricional 2023 (pág.36)