Na quinta-feira, 30 de setembro, um evento online reuniu especialistas para a discussão sobre o papel dos municípios na prevenção e atenção à obesidade infantil. Organizado pelo Centro de Excelência contra a Fome do WFP e pelo Grupo de Atenção à Obesidade (GAO) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), a iniciativa contou com a presença de representantes das secretarias municipais de saúde, educação, agricultura, cultura e esportes de Cascavel (Paraná), além de representantes de órgãos regionais. Daniel Balaban, Diretor do Centro de Excelência do WFP, e Albaneide Peixinho, Coordenadora de Projetos, também participaram.
A realização do evento teve como motivadores o Policy Brief “Obesidade Infantil – Estratégias para a prevenção e cuidado em nível local”, uma publicação que faz parte das ações do projeto Nutrir o Futuro, parceria entre o Centro de Excelência do WFP, Ministério da Saúde e Agência Brasileira de Cooperação; e a Estratégia Nacional de Prevenção e Atenção à Obesidade Infantil (Proteja), lançada pelo Ministério da Saúde em agosto deste ano. A programação do Seminário incluiu apresentações sobre as visões global e nacional sobre obesidade infantil; o papel dos gestores públicos; e o incentivo a ações intersetoriais.
Ao final do evento, a prefeitura de Cascavel e o Centro de Excelência contra a Fome do WFP acordaram que vão juntar esforços para prevenir a obesidade infantil e usar as boas práticas locais para incentivar outros município e países a fazerem o mesmo. O município ainda firmou o seu compromisso em seguir as ações previstas no Proteja. Leonardo Paranhos, prefeito de Cascavel, reiterou o compromisso do município nesse tema. “A obesidade infantil é uma questão que pode ser resolvida dentro de casa, nas escolas e nas cidades”, disse. Ele também falou que o município já está adotando medidas no âmbito local como o programa Criança Feliz, que fornece alimentação adequada, estrutura de lazer e aulas de robótica, entre outras atividades, para melhorar a retenção e frequência escolar. “Nós só vamos resolver os problemas do planeta se agirmos em sociedade, todos com o mesmo objetivo. Nós somos responsáveis pelo nosso futuro”, disse Daniel Balaban.
Obesidade Infantil: o papel das cidades
No debate sobre o panorama global e nacional da obesidade, o Representante do WFP no Brasil, Daniel Balaban, alertou para o que chamou de epidemia de obesidade no mundo, que anda em paralelo com a epidemia da fome. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade no planeta triplicou nos últimos 40 anos e mais de 2 bilhões de pessoas estão com sobrepeso e qualificadas como obesas, o que significa quase 30% da população do planeta. Já a obesidade infantil afeta 1 em cada 5 crianças no mundo e 89% dos adolescentes obesos acabam se tornando adultos obesos.
“A pessoa estando obesa não significa que ela está bem nutrida e esse é o problema”, alertou Daniel Balaban. “Cada vez mais, as pessoas estão consumindo alimentos ultraprocessados, o que aumenta o perigo da obesidade. Quase 90% das doenças que adquirimos na fase adulta vêm do que comemos”, completou. Daniel Balaban também falou sobre o trabalho do WFP globalmente que, além de combater a fome, também trabalha na conscientização das pessoas para a promoção da alimentação adequada e saudável. “Não existe outra saída para prevenir a obesidade infantil que não seja a conscientização, e os programas de alimentação escolar, junto com ações de educação alimentar, têm um papel fundamental nesse processo”, finalizou.
Em seguida, Ariene do Carmo, da Coordenação Geral da Alimentação e Nutrição (CGAN) do Ministério da Saúde, descreveu os compromissos firmados pelo governo brasileiro, tanto no nível nacional, quanto no internacional, para deter o avanço da obesidade infantil, que inclui também o trabalho de cooperação internacional, como o que é realizado no âmbito do projeto Nutrir o Futuro. Ela apresentou dados brasileiros de obesidade, que tem se agravado em decorrência de várias questões, incluindo o fechamento das escolas por causa da pandemia da COVD-19.
“A obesidade infantil possuiu múltiplos determinantes, incluindo comportamento sedentário, a urbanização e o ambiente familiar. Em todas as faixas etárias, um ambiente que dificulta a adesão e manutenção de hábitos saudáveis tem um papel fundamental”, disse Ariene do Carmo. “Para a prevenção da obesidade infantil, é importante entender esses determinantes e propor ações que vão atuar em cada um deles”, completou. E foi pensando no papel dos estados e municípios que o Ministério da saúde lançou o Proteja em agosto de 2021, que é uma estratégia intersetorial para deter o avanço da obesidade e contribuir para a melhoria da saúde e nutrição das crianças, no âmbito local.
As outras mesas do evento detalharam exemplos práticos para a prevenção à obesidade infantil, incluindo a promoção da agricultura local, da alimentação escolar e de projetos de atividade física para a população.