A insegurança alimentar atinge 20% da população rural de Guiné-Bissau, de acordo com a pesquisa do Sistema de Seguimento da Segurança Alimentar e Nutricional (SiSSAN). Os resultados da pesquisa foram anunciados na semana passada e apontam para uma melhora em relação a 2016, quando 30% da população rural estavam em situação de insegurança alimentar.
A principal razão para a melhoria da segurança alimentar em 2017 é a alta no preço da castanha-de-caju, um dos principais produtos agrícolas do país. O SiSSAN aponta, no entanto, que essa melhora pode não ser permanente, já que o preço da castanha pode continuar flutuando. Outra situação que pode afetar a segurança alimentar das famílias rurais no país é a inundação das plantações de arroz em 53 comunidades.
As plantações de arroz foram inundadas de julho a setembro de 2017, em comunidades de Bafatá, Gabu e Oio. Estima-se que 38 mil toneladas do produto foram perdidas, o que equivale a 87% da produção da região afetadas e 23% da produção de arroz de todo o país. As áreas inundadas devem ser reabilitadas com urgência, para que a produção do grão possa ser retomada.
A pesquisa
A pesquisa do SiSSAN conduziu entrevistas com 3,9 mil famílias em áreas rurais das oito regiões de Guiné-Bissau. Os resultados de 2017 referem-se ao mês de outubro, e os de 2016 referiam-se ao mês de setembro.
Resultados preliminares apontam que apenas 4,7% das crianças de 6 a 23 meses receberam uma dieta mínima adequada em todo o país. Das crianças atendidas pelo Programa Mundial de Alimentos, 10% receberam dieta adequada. A prevalência da desnutrição crônica é mais alta entre crianças que recebem dieta inadequada.
O evento de apresentação dos resultados do SiSSAN contou com a participação de representantes do governo de Guiné-Bissau, da Rede da Sociedade Civil para a Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, do Programa Mundial de Alimentos e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. A Guiné-Bissau é um dos países prioritários para a cooperação Sul-Sul do Brasil e do Centro de Excelência contra a Fome.