No Dia Mundial Humanitário, 19 de agosto, celebramos aqueles que dedicam suas vidas a aliviar o sofrimento e a construir um futuro melhor para os mais necessitados. Um exemplo inspirador dessa dedicação é a história de Joélcio Carvalho, engenheiro agrícola e responsável pela área de Parcerias do Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil.
Joélcio Carvalho encontrou um momento profundamente emocionante em uma missão recente na Tanzânia. A cena se desenrolou quando um agricultor local, beneficiado pelo treinamento oferecido por Joélcio e sua equipe, surgiu com um saco cheio de milho e batata-doce. Era um presente simbólico, mas também um sinal de transformação. O agricultor, que antes lutava para produzir o suficiente para sua própria família, agora estava em condições de compartilhar sua abundância com os outros. “É uma satisfação ver que o nosso trabalho contribuiu para transformar comunidades que antes não produziam nem o suficiente para o autoconsumo e que passam a produzir em abundância, para suas famílias e para venda, melhorando a economia local”, reflete Joélcio com orgulho.
A celebração do Dia Mundial do Humanitário é o momento de dar visibilidade a trabalhos como este e de tantos outros voluntários, profissionais e especialistas em atendimento em situação de crise que levam ajuda, alimento, cuidados médicos, abrigo, água, proteção, entre outras ações. São esses profissionais que levam esperança a pessoas que estão em áreas de conflitos e de crises.
Desde os 16 anos Joélcio se dedica ao trabalho de ajuda humanitária. Ele começou como estagiário na FAO antes mesmo de se formar pela Universidade Federal de Viçosa. A produção de alimentos faz parte da história de vida de Joélcio. Filho de agricultor, ele veio da agricultura familiar e se diz fruto de políticas públicas nessa área. A motivação era natural, mas com o tempo, foi o sentimento de indignação que moveu Joélcio a entrar no trabalho humanitário. “Ainda tem muito o que fazer”, reconhece ele.
O ingresso desde cedo na área de cooperação internacional permitiu a Joélcio participar de missões a campo em vários países na América Latina e na África. Ele relata que na missão de fechamento na Tanzânia, ele e outros técnicos brasileiros haviam coordenado uma oficina para ensinar os agricultores locais a fabricar filtros caseiros para limpeza de água.
Depois da oficina, durante uma rodada de conversa com os agricultores, Joélcio conta que um deles se levantou com um saco cheio de milho, batata-doce pediu a palavra para dizer que estava ali com essa comida, “porque nossos irmãos aqui brasileiros me ensinaram a plantar melhor, então eu consegui produzir mais e eu queria doar para vocês para terem sementes e também produzirem mais, porque isso me ajudou e eu acho que vai ajudar vocês também”. Muito tocado, Joélcio disse que naquele momento “desabou” porque realmente fez total sentido todo aquele esforço.
Para ele, é muito satisfatório quando se vê esse tipo de resultado a partir de uma pequena mudança. “A gente mostrou para ele que no lugar de plantar a batata na vertical, se ele plantasse em formato de U, como um anzol, porque teria muito mais raízes e produziria muito mais”, explicou. Com essa simples mudança ele aumentou em dez vezes a produtividade dele, conseguiu ter fartura, ter excedente para ele, para a comunidade. “Então isso, isso é impagável.”