Nos dias 2 e 3 de setembro, o WFP na Costa do Marfim, o governo local e o Centro Regional de Excelência contra a Fome e a Desnutrição (CERFAM), em colaboração com a União Africana (UA) e a Organização da Saúde da África Ocidental, realizaram uma consulta virtual de alto nível sobre o tema “Fortificação de alimentos: qual abordagem nutricional para reduzir as deficiências de micronutrientes na África?”. A consulta foi alinhada com a Agenda 2063 da União Africana, a Estratégia Nutricional Regional da África 2015-2025, a Agenda 2030 das Nações Unidas e outras principais estratégias e prioridades continentais.
O Centro de Excelência apoiou a participação do Governo do Brasil no evento, que destacou as boas práticas brasileiras em fortificação alimentar na sessão de trocas de experiências globais com a Índia e a Costa do Marfim. Eduardo Nilson, da Coordenação de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde do Brasil, apresentou as principais diretrizes nacionais de fortificação em larga escala e as metodologias de monitoramento e uso de evidências para ajuste da política. “O Brasil tem um longo histórico no combate à deficiência de nutrientes. Não existe uma estratégia única para combater a má nutrição, a abordagem é multissetorial com foco tanto na promoção de dietas saudáveis, como na suplementação e fortificação alimentar em larga escala. A articulação com outras políticas é essencial”, destacou Eduardo Nilson. A gravação pode ser acessada aqui.
A transversalidade e a constante e a inovação das políticas brasileiras de combate à má nutrição também foram ressaltadas por Maria Sineide dos Santos, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), dentro do escopo do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). “O PNAE começou apenas servindo regiões e populações em situação de extrema vulnerabilidade e hoje é um programa de abrangência nacional, atingindo 20% da população brasileira. O programa está sendo constantemente sendo aprimorado, buscando alinhar-se não apenas com as políticas de saúde brasileiras, mas também com agendas globais de segurança alimentar, através de fortes parcerias com a FAO, o WFP e a OPAS”, lembrou Sineide Santos.
A sessão também contou com a apresentação dos aprendizados e desafios em fortificação alimentar pelo Ministério da Saúde e Bem-Estar Familiar da Índia e pelo Governo da Costa do Marfim. O Prof. João Bosco Monte, Presidente do Instituto Brasil África (IBRAF) e moderador da sessão, ressaltou as semelhanças entre muitos dos desafios enfrentados no Sul Global em questões nutricionais e a rica oportunidade de aprendizado mútuo que a consulta virtual proporcionou.
O evento reuniu representantes de governos regionais e sub-regionais, de organizações, da Rede de Parlamentares Africanos, parceiros de desenvolvimento, agências de controle e reguladoras, o setor privado, academia e organizações da sociedade civil, e procurou propor intervenções implementáveis aos governos, parceiros de desenvolvimento e outras partes interessadas para acompanhar e apoiar os esforços dos países africanos para eliminar a má nutrição em todas as suas formas.