Um grupo de tradutores voluntários dedicou oito horas por semana, durante três meses, para apoiar o Centro de Excelência contra a Fome com a tradução de documentos e publicações. Os quatro estudantes de Letras contribuíram para o intercâmbio de conhecimentos sobre alimentação escolar entre países em desenvolvimento e aproveitaram para enriquecer seus currículos com uma experiência de tradução para uma agência da Organização das Nações Unidas. Os documentos traduzidos por eles serão utilizados nas atividades de apoio remoto do Centro aos países parceiros.
O Centro de Excelência apoia mais de 30 países na criação e implementação de políticas e programas de combate à fome. Um dos temas mais frequentes na assistência técnica oferecida pelo Centro a esses países é a alimentação escolar. Só em 2018, o Centro realizou contribuições concretas para o fortalecimento dos programas de alimentação escolar em 17 países, o que beneficiou aproximadamente quatro milhões de crianças e milhares de agricultores familiares. Parte desse trabalho envolve a circulação de informações e conhecimentos e, para isso, a tradução é ferramenta indispensável.
Perfis
Os quatro jovens tradutores são estudantes de Letras na Universidade de Brasília. Todos tinham experiência como professores de idiomas, mas queriam adquirir também experiência profissional com a tradução de documentos. “Quando vi o edital do processo seletivo de voluntários, resolvi tentar. Eu já tinha terminado as disciplinas do mestrado e pensei que seria uma boa experiência trabalhar como voluntária do Programa Mundial de Alimentos e adquirir novos conhecimentos”, conta Carolina Kossoski.
Pedro Henrique Reis, que aprendeu inglês com a avó professora de inglês, nunca tinha feito traduções profissionalmente, apesar de dar aulas de inglês desde os 17 anos. Luís Paulo Lopes, único do grupo que trabalhou com traduções para o francês, aceitou o trabalho voluntário como forma de enriquecer o currículo. Vitória Rufino, que já tinha trabalhado com tradução na empresa júnior da universidade, percebeu logo que gostava mais de trabalhar com tradução do que com aulas de idiomas: “o trabalho no Centro de Excelência me permitiu juntar minha habilidade com tradução e um trabalho que admiro”.
Desafios
Os quatro tradutores são unânimes quando perguntados sobre o maior desafio do trabalho: “traduzir temas muito específicos, aprender um novo vocabulário”, explica Luís Paulo. Para facilitar o trabalho, os tradutores trabalharam conjuntamente num glossário com os termos mais frequentes, que foi sendo aprimorado ao longo das semanas. Além de todos os documentos que traduziram, esse glossário será um legado dessa dedicada equipe ao Centro de Excelência.
Aprendizados
A tradução pode ser um trabalho solitário, mas no Centro de Excelência os tradutores puderam aprender com o trabalho em equipe. “Além de aprender muito sobre os assuntos com os quais o Centro trabalha, também aprendi muito com o processo de revisão dos meus colegas. Fizemos um esquema de rodízio para revisar os trabalhos uns dos outros e pudemos aprender comparando e contrastando as soluções que cada um encontrou”, conta Carolina. Pedro reforça: “foi muito bom aprender com os outros tradutores, ajudar e ser ajudado, e também com a equipe do Centro”.
Voluntariado
“Acredito que vale muito a pena se dedicar a um trabalho voluntário, principalmente no início da carreira. Além de melhorar meu currículo, pude aprender como o trabalho da Organização das Nações Unidas é feito e o que posso fazer para ajudar”, avalia Vitória. “A melhor parte foi conhecer o PMA, o trabalho, a equipe e os temas. Descobri que conhecia muito pouco sobre alimentação escolar, por exemplo. Apesar de não ser um trabalho remunerado, é uma experiência que não tem preço e eu faria de novo”, diz Luís Paulo.
“O Centro de Excelência fez tudo para dar as melhores contrapartidas para nosso trabalho. As condições de trabalho, os investimentos na saúde das pessoas, a visibilidade e o alcance do nosso trabalho foram excelentes. Foi muito surreal pensar que um texto meu seria enviado para outro continente e ajudar na capacitação de merendeiras que usarão esses novos conhecimentos para alimentar crianças”, conta Pedro.
“Se você está pensando em fazer um trabalho voluntário, não se preocupe por não ser remunerado, pois no início da sua carreira essa experiência é uma das melhores que você pode ter, porque possibilita fazer contatos, trabalhar em equipe e aprender muito”, aconselha Carolina.