Reunidas em Roma para a 44ª sessão plenária do Comitê Mundial de Segurança Alimentar (CFS), as três agências da ONU com sede em Roma instaram governos, organismos internacionais, empresas privadas e outros atores a trabalhar juntos para melhorar o sistema alimentar global. A Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) destacaram que tanto a fome quanto a obesidade estão aumentando no mundo. Cerca de 815 milhões de pessoas passaram fome em 2016, e as taxas de obesidade vêm crescendo em países desenvolvidos e em desenvolvimento.
A 44ª sessão plenária do CFS aconteceu de 9 a 13 de outubro. O comitê oferece uma plataforma inclusiva para todos os atores, como governos, sociedade civil e setor privado, trabalharem juntos e desenvolver recomendações e orientações para políticas em temas que afetam a segurança alimentar e a nutrição. O CFS já promulgou orientações sobre direito à terra, investimentos responsáveis em agricultura e segurança alimentar e nutricional em crises. Este ano, o foco político do CFS é urbanização e exploração florestal sustentável. O Painel de Especialistas de Alto Nível lançou um novo relatório sobre nutrição e sistemas alimentares.
Destaques
Em mensagem de vídeo, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, destacou o fato de que o CFS desempenha um papel fundamental no alcance da Agenda 2030. Ele afirmou que as mudanças climáticas e eventos climáticos extremos estão afetando os mais pobres, e que a migração tem relação direta com a insegurança alimentar. “Nós temos as ferramentas e o compromisso de acabar com a fome”.
O diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, mencionou que a fome está aumentando. “Isso pode comprometer gerações futuras”, ele disse e apontou a necessidade de criação de sistemas alimentares sustentáveis. “Essa é uma enorme tarefa que os governos não serão capazes de realizar sozinhos”.
“Para acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhorar a nutrição, precisamos de coerência entre políticas e coordenação entre diferentes atores e setores – o que fazemos aqui no CFS”, afirmou a chefe do CFS Amira Gornass, do Sudão.
O diretor executivo do PMA, David Beasley, afirmou que, para atingir o ODS 2, não podemos continuar no mesmo rumo em que estamos. Precisamos ser mais estratégicos e as agências com sede em Roma precisam ampliar sua cooperação. Ele afirmou que o foco deve ser a assistência de longo prazo, como a construção de infraestrutura para criação de resiliência. “Ajuda humanitária e de desenvolvimento é a primeira linha de defesa contra o terrorismo. A alimentação deve ser uma arma de paz, não de guerra”.
John Agyekum Kufuor, que presidente de Gana de 2001 a 2009, período em que as taxas de fome e pobreza do país caíram, fez a palestra de abertura do evento. Ele lembrou aos presentes que liderança dos países e governança global são igualmente necessárias para impulsionar sistemas alimentares e lidar com as consequências das mudanças climáticas. “O que afeta um país no mundo afeta todos os outros”, ele disse.