Estudantes de escolas da província de Mwanza, na Tanzânia, já não precisam mais caminhar por quatro horas para buscar água para consumo durante os dias letivos. Após um treinamento oferecido pela equipe técnica do projeto Além do Algodão no país, nove cisternas já foram construídas em escolas da região, o que beneficia mais de seis mil crianças. Assim, sobra mais tempo para acompanhar as aulas e sobra também mais água para irrigar as novas hortas escolares, oferecendo alimentos frescos e saudáveis para as refeições oferecidas aos alunos.
A cisterna, que capta e armazena a água da chuva, é uma tecnologia brasileira usada por mais de 1 milhão de famílias em zonas que sofrem com crises climáticas, principalmente no semiárido. A solução tem o poder de transformar vidas, principalmente em regiões de alta vulnerabilidade social e fome. O treinamento, oferecido ainda no final de 2022 sob a supervisão técnica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), habilitou agricultores e agricultoras locais a construir as cisternas. O objetivo é permitir que comunidades rurais de regiões áridas e semi-áridas dos países parceiros do projeto – Benim, Tanzânia e Moçambique – tenham acesso a água potável para consumo humano e irrigação, acumulem excedentes para aumentar a produção agrícola familiar, diversifiquem sua alimentação e melhorem a segurança alimentar e nutricional, fortalecendo o poder de resiliência da comunidade.
O relatório Síntese Sobre Mudança Climática da ONU 2023 mostrou que as alterações climáticas agravam a irregularidade das chuvas e os choques ambientais e atingem especialmente os ecossistemas mais frágeis, como regiões de manguezais e semi-áridas. A gestão eficiente e sustentável dos recursos hídricos é, mais do que nunca, uma prioridade para melhorar a resiliência de comunidades em regiões semiáridas. “A cisterna garante que todos tenham acesso à água, que é um direito de todo cidadão para viver e sobreviver. Sem água não conseguimos comer com qualidade e promover a saúde”, lembrou Albaneide Peixinho, Coordenadora do projeto.
Com uma abordagem integrada, o projeto Além do Algodão promove autonomia de agricultoras e agricultores por meio do fortalecimento de capacidades e difusão de conhecimento brasileiro em diferentes estratégias de segurança alimentar e nutricional. O projeto é uma parceria entre Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos (WFP) e da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e é financiado pelo Instituto Brasileiro do Algodão.