A flexibilidade de Mariana
Ela fala português, inglês, francês, italiano e espanhol e tem uma impressionante habilidade de agregar diferentes interesses e opiniões para formar consensos. Mariana Rocha é oficial de programas no Centro de Excelência contra a Fome e, nas horas vagas, praticante de yoga. Ninguém melhor do que ela para ser nossa funcionária de junho, mês em que comemoramos o Dia Internacional do Yoga.
A prática de yoga é reconhecida pela Organização das Nações Unidas como meio para melhorar a saúde e tem como um de seus efeitos o desenvolvimento da flexibilidade dos praticantes. No caso de Mariana, essa flexibilidade é percebida objetivamente em seu corpo, mas também metaforicamente em sua forma de conduzir seu trabalho.
“Meu primeiro emprego foi aos 14 anos, como caixa do posto de gasolina do meu pai. Acabei precisando ajudar também na gestão do negócio e me encarregando de processos como recebimento de mercadoria, inventário. Fazer esse tipo de trabalho me permitiu desenvolver maior consciência sobre gestão financeira. Com isso, acabei me tornando uma profissional mais flexível, capaz de atuar tanto na esfera política quanto no planejamento administrativo e financeiro de uma organização”, conta Mariana.
Quando concluiu o ensino médio, Mariana deixou a cidade onde nasceu no interior de Santa Catarina e foi estudar Direito em Florianópolis. Logo após a formatura, se mudou para a Europa para cursar um mestrado em direitos humanos e democratização. O curso era uma iniciativa da Comissão Europeia em parceria com diversas universidades, e Mariana teve a oportunidade de estudar na Itália e na Holanda. “Esse curso de mestrado tinha um caráter profissionalizante e uma dimensão prática que encaixavam bem com meu interesse em trabalhar na área de cooperação internacional”.
Após a conclusão do mestrado, Mariana permaneceu na Europa e, para adquirir experiência profissional, fez estágio em duas organizações de direitos humanos e no Parlamento Europeu, primeiro na Alemanha e depois na Bélgica. Em Bruxelas, conseguiu seu primeiro emprego formal em uma organização que apoia a sociedade civil de países com os quais a União Europeia se relaciona para que as políticas da EU levassem em conta a situação de direitos humanos nesses países. Mariana trabalhava com defensores de direitos humanos de vários países, principalmente da Ásia Central, alguns deles com casos graves de violações de direitos humanos. “Meu trabalho era fazer advocacy, mas como a organização era pequena acabei fazendo de tudo, inclusive gestão de projeto. Mais uma vez ter flexibilidade foi uma característica muito útil para mim”.
Quando Mariana decidiu que era hora de voltar ao Brasil, viu o anúncio da vaga do Centro de Excelência. “Eu já acompanhava o trabalho do Centro e me interessei pela atuação em desenvolvimento de capacidades, pelo apoio aos governos de mais de 30 países e pela oportunidade de trabalhar com o tema da alimentação. Gostei muito também de poder trabalhar com uma agenda positiva, de compartilhamento de experiências bem-sucedidas, que foi um contraponto bem-vindo aos desafios intensos do trabalho com violações de direitos humanos”, conta.
“Acho que, como muitas pessoas, eu tinha o sonho de trabalhar nas Nações Unidas. Sempre quis contribuir para a solução de problemas globais. Morei em outros países desde jovem e estar em ambientes internacionais, falando outras línguas e imersa em outras culturas sempre foi uma experiência muito rica e de muito aprendizado para mim”.
Com o trabalho no Centro de Excelência, as experiências de Mariana se expandiram ainda mais. “Pude conhecer lugares e realidades diferentes e ter acesso a pessoas que podem decidir os rumos de todo um país. Meu trabalho me deu a oportunidade de influenciar positivamente essas pessoas que podem decidir investir em ações que garantam que mais crianças tenham acesso a educação e nutrição. É um privilégio poder contribuir com essa causa”.
O trabalho no Centro de Excelência não ampliou apenas os conhecimentos sobre outros países: “o Centro é uma oportunidade para ver o quanto as experiências brasileiras na área de combate à fome são valiosas. Nem sempre conseguimos enxergar isso, principalmente porque as notícias que recebemos dos meios de comunicação costumam ser negativas, mas fora do Brasil o conhecimento que desenvolvemos aqui é muito valorizado”.