Para falar de soluções que levem à erradicação da fome e ao alcance do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 2, Daniel Balaban, Representante do WFP no Brasil e Diretor do Centro de Excelência contra a Fome, participou, nesta quinta-feira, 16 de setembro, de uma mesa sobre Fome e Desenvolvimento como parte da programação da Virada Sustentável. O evento abordou o futuro dos alimentos e a soberania alimentar em um mundo pós pandemia e também contou com a participação de Andreia Dutra, Presidente do Instituto Stop Hunger no Brasil, e Daniel de Souza, presidente do Conselho da ONG Ação da Cidadania. A moderação foi do jornalista Victor Vieira, de O Estado de S. Paulo
Em sua fala inicial, Daniel Balaban lembrou que a grande missão do WFP no mundo é acabar com a fome e com a extrema pobreza. “A fome é resultado das desigualdades latentes no mundo, que cada vez aumentam mais”, disse. De acordo com os últimos dados do relatório das Nações Unidas “O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo” (SOFI, na sigla em inglês), há 811 milhões de pessoas passando fome atualmente, o que representa um aumento de mais de 160 milhões de pessoas em comparação com 2019, grande parte em função da pandemia da COVID-19. Daniel Balaban também alertou para o fato de que 1/3 dos alimentos produzidos são perdidos na cadeia de abastecimento ou são desperdiçados no momento do consumo. “Não é possível vivermos num planeta em que mais de 10% da população passa fome. Precisamos realmente pensar no nosso propósito neste planeta”, disse.
Andreia Dutra, Presidente do Instituto Stop Hunger no Brasil, que também é nutricionista por formação, lembrou da importância de um trabalho conjunto entre o poder público, a sociedade civil e as empresas pra lidar com um problema complexo como a fome. Em sua apresentação, Andreia Dutra falou sobre o trabalho do Instituto Stop Hunger em projetos para geração de renda e emprego, com foco no empoderamento feminino, uma vez que as mulheres são as mais afetadas pela insegurança alimentar.
“O que a gente precisa não é de milagre nem de mágica. O que queremos é que se coloque a população mais vulnerável como prioridade, porque de fato ela é”, disse Daniel de Souza, presidente do Conselho da ONG Ação da Cidadania, que também participou do painel. Ele falou das campanhas de arrecadação e distribuição de alimentos, que se intensificaram por causa da pandemia da COVID-19, e também mencionou a Rede Alimentação Solidária, uma iniciativa da ONG, em parceria com o Google e com apoio do Centro de Excelência do WFP, para mapear bancos de alimentos, despensas e cozinhas solidárias em funcionamento no país.
Na sessão de perguntas e respostas, os participantes discutiram questões como o papel da agricultura familiar, a piora na desigualdade e da insegurança alimentar e nutricional em decorrência da pandemia da COVID-19, desperdício de alimentos, a importância da alimentação adequada e saudável e o papel do indivíduo nos processos de mudança.
O Fórum Virada Sustentável contou com 26 painéis sobre diversos temas ligados à sustentabilidade. A gravação do painel sobre Fome e Desenvolvimento está disponível aqui.